A Ignorância dos Homens Divorciados do Ideal Divino



Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Jesus (João 8:32)


Entre outras observações levadas a efeito, merece especial comentário, pela estranheza de que se revestia, o fato de todos trazermos pendentes da configuração astral, quando ainda no Vale, fragmentos reluzentes, como se de uma corda ou um cabo elétrico, arrebentados se desprendessem estilhas dos fios tenuíssimos que os estruturassem, sem que a energia se houvesse extinguido, ao passo que explicavam os mentores residir em tão curioso fenômeno toda a extensão de nossa acrimoniosa desgraça, porquanto esse cordão, pela morte natural, será brandamente desatado, desligado das afinidades que mantém com o corpo carnal, através de caridosos cuidados de obreiros da Vinha do Senhor incumbidos da sacrossanta missão da assistência aos moribundos, enquanto que, pelo suicídio, é ele violentamente despedaçado, e, o que é pior, quando as fontes vitais, cheias de seiva para o decurso de uma existência  às vezes longa, ainda mais o solidificavam, mantendo a atração necessária ao equilíbrio da mesma.
Ora, diziam-nos que, a fim de nos desfazermos do profundo desequilíbrio que semelhante consequência produzia em nossa organização fluídica (não se falando aqui da desorganização moral, porventura ainda mais excruciante) ser-nos-ia indispensável voltar a animar outro corpo carnal, visto que, enquanto não o fizéssemos, seríamos criaturas desarmonizadas com as leis que regem o Universo, a quem indefiníveis incômodos privariam de quaisquer realizações verdadeiramente concordes com o progresso.

...*...

Comentava, porém, o instrutor:
“ – Podereis observar, meus amigos, que, justamente porque o homem desejou furtar-se à existência planetária pelas enganosas escarpas  do suicídio, não se eximiu, absolutamente, de nenhuma das amargurosas situações que o desgostavam, antes acumulou desditas novas, quiçá mais ardentes e pungitivas, à bagagem dos males que dantes o afetavam, os quais seriam certamente suportáveis se educação moral sólida, estribada no cumprimento do Dever, lhe inspirasse as ações diárias. Essa educação orientadora, conselheira, salvadora, portanto, de desastres como o que lamentamos neste momento, o homem somente não a tem adquirido no próprio cenário terreno, onde é chamado a realizações imperiosas, porque não a quer adquirir, visto sobejarem em torno de seus passos, no orbe de sua residência, instruções e ensinamentos capazes de conduzi-lo às alvoradas redentoras do Bem e do Dever!
O incauto viageiro terreno, porém, há preferido sempre desperdiçar oportunidades benfazejas proporcionadas pela Divina Providência com vistas ao seu engrandecimento moral e espiritual, para mais livremente englobar-se às sombras insidiosas das paixões mantenedoras dos vícios e desatinos que o impelem ao irremediável tombo para o abismo.
No torvelinho das atrações mundanas, como no embater das provações que o excruciam; ao choque das vicissitudes diárias, inalienáveis ao meio em que realiza as experimentações para o progresso, como na fruição das doçuras fornecidas pelo lar próspero e feliz – jamais ao homem ocorre empreender quaisquer esforços para a iluminação interior de si mesmo, a reeducação moral, mental e espiritual cuja necessidade inapelavelmente se impõe no porvir que seu Espírito será chamado a conquistar pela ordem natural das Leis da Criação. Ele nem mesmo compreende que possui uma alma dotada dos germens divinos para a aquisição de excelentes prendas morais e qualidades espirituais eternas, germens cujo desenvolvimento lhe cumpre operar e aprimorar através do glorioso trabalho de ascensão para Deus, para a Vida Imortal! Ignora ser justamente no cultivo desses dons que reside o segredo da obtenção perfeita dos ideais mais caros que acalente, dos sonhos venerados que suspira concretizar; e mais, que, desprezando o ser divino que em si palpita, o qual é ele próprio, é o seu Espírito imortal, descendente que é do Todo-Poderoso, dá-se voluntariamente à condenação pela Dor, resvalando pelos ominosos desvios da animalidade e quiçá do crime, os quais necessariamente arrastarão à lógica das reparações, das renovações e experiências dolorosas nos testemunhos da reencarnação, quando mais suave se tornaria a jornada ascensional se meditasse prudentemente, procurando investigar a própria origem e o futuro que lhe compete alcançar!
Foi essa fatal ignorância que vos impeliu à desoladora situação em que hoje vos afligis, meus caros irmãos! Mas a qual nosso fraterno interesse, inspirado no exemplo do Divino Cordeiro, tentará remediar, não obstante só o tempo e os vossos próprios esforços, sem sentidos opostos aos verificados até agora, serem indispensáveis como a mais acertada tentativa em prol da recuperação que se impõe.
Como vedes, destruístes o corpo material, próprio da condição do Espírito reencarnado na Terra, único que teimáveis reconhecer como absoluto padrão de vida. No entanto, nem desaparecestes, como desejáveis, nem vos libertastes dos dissabores que vos desesperavam. Viveis! Viveis ainda! Vivereis sempre! Vivereis por toda a consumação dos evos uma Vida que é imortal, que jamais, jamais se extinguirá dentro do vosso ser, jamais deixando de projetar sobre a vossa consciência o impulso irresistível para frente, para o mais além!...
É que sois a candeia de valor inestimável, fecundada pelo Foco Eterno que entorna da Sua Imortalidade por sobre toda a Criação que de Si irradiou, concedendo-lhe as bênçãos do progresso através dos evos, até atingir a plenitude da glória na comunhão suprema do Seu Seio!



OBS: O trecho acima extraído do livro Memórias de um Suicida, Cap. V, médium Yvonne A. Pereira,  mostra-nos mais um dos dissabores resultante do gesto tresloucado do suicídio que é a presença bizarra e inconveniente do cordão de prata próprio de seres encarnados em um ser já desencarnado. Referido cordão energético é resultado da reunião das conexões existentes entre corpo e perispírito quando este se projeta para fora daquele quando ainda vivo. Podemos fazer um paralelo com o cordão umbilical que quando rompido a criança respira e passa a fazer parte da vida encarnada. O cordão de prata se rompe com a morte e, digamos, o espírito renasce para a vida espiritual. 
Em seguida o instrutor espiritual elucida a realidade humana atual, qual seja: ausência de esforço próprio a manter a ignorância espiritual, que por sua vez gera dor e morte. Quantos estão plenamente satisfeitos com o quadrunvirato do ideal humano: comer, beber, dormir e reproduzir? É quase um hipnotismo coletivo. Mas mesmo assim, a dor, como consequência da falta cuidado e previdência na condução da vida, virá, fazendo com que a mente humana indague, muitas vezes tardiamente, sobre o porquê de suas razões. Então, por que esperar para que a dor se instale para buscar os motivos de sua existência? É preciso mais prudência do espírito humano para consigo mesmo e para os que o cercam. Saber o que nos ocorre no presente e ocorrerá no futuro é medida sancionada pela sabedoria universal a qual todos deveríamos buscar nesta vida. Não sejamos como o adolescente irresponsável que não quer estudar, nem trabalhar, e mesmo assim acredita que a vida no futuro o favorecerá.






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