Umbral



Há informes espirituais que relatam que a Criação de Deus não é infinita só em tempo e em espaço. É também infinita em dimensões. Isso é fascinante e ao mesmo tempo perturbador.
Sob o nosso aspecto de encarnados há duas dimensões bem definidas: a dos ditos vivos (ou encarnados) e a dos ditos “mortos” (ou desencarnados). Esta última é o que também chamamos de plano espiritual.
Ocorre que, em realidade, tal plano não é um só. Ele também é dividido em várias dimensões de vibrações diversas, de modo que podemos afirmar que há o plano espiritual do plano espiritual, e assim por diante. Só para se ter uma ideia aproximada, lembremos da diferença entre o mar e o ar. Ambos contêm basicamente os mesmos componentes: água, oxigênio, etc., mas estão em estados diferentes.
Conforme o espírito é mais evoluído, isto é, despojado da matéria, vincula-se a plano de dimensão vibratória mais elevado. Viverá neste plano, mas também tem acesso a planos inferiores ao seu. Contudo, aquele que pertence a este último não têm acesso aos planos imediatamente superiores ao dele, por conter em sua constituição espiritual (ou perispiritual) elementos pesados e animalizados ainda bastante fortes que não lhe darão acesso ao que lhe é superior. Por isso que ainda a nenhum de nós é lícito visitar a casa dos anjos.
Pois bem, dimensão espiritual imediatamente próxima a dos encarnados é a que chamamos no espiritismo de umbral, ou seja, como o próprio nome sugere, dimensão de transição, de passagem para outras que lhe são superiores. Aqui a palavra umbral é utilizada metaforicamente, extraindo-se o sentido de zona de transição que possui a soleira ou umbral de uma porta, a qual precisamos atravessar para poder chegar do outro lado.
Esta dimensão detém características de uma, digamos, prisão-hospital, onde os espíritos, que ainda não fazem jus a planos mais felizes, ficam isolados dos demais seres encarnados, mas ao mesmo tempo gastam ou purgam os fluidos animalizados que a eles ainda se encontram impregnados. Este processo é mais ou menos longo, conforme cada caso.
O atributo de prisão é oportuno, pois senão para onde iriam os ditos mortos ainda em desequilíbrio? Se alguns, conforme já vimos, não podem almejar planos mais felizes, com certeza, se não houvesse um ambiente que lhes fosse próprio, todos tenderiam a buscar o plano encarnado aumentando exponencialmente o quadro de perturbação dos que aqui vivessem, visto que, mesmo com a existência desta dimensão purgatorial, muitas entidades desencarnadas aqui ainda perambulam, como já vimos no caso das obsessões espirituais.
Como no caso de um espírito suicida o grau de perturbação que ele pode causar em um ser encarnado é muito grande, muitos são localizados nesta região umbralina pelo tempo que lhes restava de vida antes do gesto suicida para a necessária terapêutica de desgaste dos elementos típicos de encarnados ainda impregnados na sua constituição perispiritual.
Claro, que dada as características dos pacientes desse “hospital”, este mais se assemelha a um hospício, com a agravante de que o ambiente reflete o desequilíbrio interno de seus moradores, ou seja, dor, doença e podridão. É mais uma vez o: “a cada um segundo suas obras”.
Por fim, é preciso frisar que, muito embora as zonas umbralinas sejam ainda caracterizadas pela desarmonia de grande parte de seus habitantes espirituais, isso não significa dizer que esses mesmos habitantes estejam, digamos, órfãos da misericórdia divina. Sempre há nestes ambientes seres espirituais (alguns deles até muito elevados) dedicados ao socorro dos sofredores em nome do bem maior. Há diversos postos de socorro, cidades espirituais até, dedicados ao refazimento e proteção das criaturas filhas de Deus, que estão sedentas de ajuda e esperança para o necessário recomeço da sua jornada evolutiva.


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